quinta-feira, 25 de maio de 2017

A Cruz Esquecida de Jucelino Kubicheck - JK / Via Dutra - Km 228



Estas duas cruzes, abandonadas, quase destruídas na beira da Dutra fazem parte da história do Brasil e estão quase esquecidas.

Foram erguidas no local da morte de Juscelino Kubistchek de Oliveira (JK) e seu motorista e amigo “Geraldo Ribeiro’”.

Acredito que todo brasileiro já ouviu o nome dele alguma vez na vida, pois ele ocupou o cargo de Presidente do Brasil entre 1956 e 1961 e foi o responsável pela construção de Brasília, nossa Capital Federal.

Sua morte é cheia de mistérios, polemicas e um tanto de romance. O veiculo, um Opala dirigido por Geraldo Riberio vinha de São Paulo com destino ao Rio de Janeiro e segundo relatos, levou uma batida de um ônibus e foi se chocar com uma carreta que ia em sentido contrario.

Algumas noticias dizem que ele ia para o Rio de Janeiro se encontrar som sua amante. Outros porem relatam que ia ao encontro de uma velha amiga portuguesa em busca de um “sustento” já que após sua volta do exilio, estava em dificuldades financeiras. Há também o relato de que ia se encontrar com generais contrários ao governo, com o qual pretendia fazer planos para voltar ao poder e por este motivo teria sido assassinado. Ou seja, teria sido um trágico acidente.

O certo é que este acidente ocorreu em 22 de agosto de 1976, na Via Dutra, na “Curva do Açougue’, hoje conhecida como “Curva JK” e é um dos mais polêmicos do Brasil.
Triste também é ver as duas cruzes na Beira da Dutra assim descuidadas, abandonadas.
 Não existe nome, data nada que lembre o ex Presidente e seu acidente.

Levei um bom tempo para localiza-las.

Segundo o relato de um funcionário de um Posto de Gasolina próximo ao local, o motivo para tal descaso foi o fluxo de pessoas e carros que paravam “nas cruzes” quando havia uma placa que as sinalizava. O argumento, teria sido que, por ser a Via Dutra muito movimentada, a parada constante de carros naquele local colocava em risco as pessoas que paravam para vê-la ou acender uma vela no local.  Assim, foi mais fácil relega lá ao esquecimento do que fazer uma sinalização apropriada com medidas de segurança naquele trecho da via.
Após muita polemica em 22 de abril de 2014, A Comissão Nacional da Verdade, concluiu que o acidente e a morte de JK e seu motorista foi acidental.
Uma curiosidade: JK era devoto da Santa Cruz e fez questão que a primeira missa no terreno que viria a ser a Capital Federal do Brasil, (Brasília) fosse realizada no dia 3 de Maio, Festa da Santa Cruz.





quinta-feira, 18 de maio de 2017

Capelas de Beira de Estrada

Foto de Calixto de Inhamuns
As Capelas de Beira de Estrada são marcos da chegada do homem naquele local.
Com o passar do tempo algumas se transformaram em Vila ou cidade, outras foram destruídas, outras abandonadas porem continuam no mesmo local e ninguém tem coragem de derrubar porque o local é tido como “santo”.
 Essas Capelas contam a historia do povo do local

Antiga Capela de Taipa no Meio do Mato - Bairrinho ( Nea)

Adicionar legenda





Néa, me passou essas fotos que segundo ela são de uma antiga Capela da Santa Cruz, feita em taipa, que existia em uma fazenda no bairro do  Mato Dentro, tambem conhecido como Bairrinho.

Bernardo Guimarães e o surgimento de uma Capela da Santa Cruz



Foto de Manuh Mourão 

Bernardo Guimarães retratou em seu livro: Histórias e Tradições da Província de Minas Gerais, como nasciam algumas Capelas da Santa Cruz e a devoção em torno delas. 
Aqui deixo para vocês a introdução do conto:

 A Filha do Fazendeiro, que poderá ser acessado em sua integra no link que irei disponibilizar abaixo. 

Assim nasceu uma Capelas da Santa Cruz:

"Maio de 1867
A cinco ou seis léguas ao norte da cidade de Uberaba na província de Minas Gerais se via ainda há alguns anos uma capelinha isolada ou ermida no alto de um espigão, domi­nando por todos os lados um largo e risonho horizonte como atalaia imóvel olhando em derredor as solidões. Era uma pequenina e tosca construção de madeira com quatro paredes, coberta de telha e coroada por uma cruz, como se encontram muitas disseminadas por esses vastos sertões.
Essas capelinhas têm de ordinário junto a si um cercado de pedra ou de madeira, que serve de cemitério aos fazendei­ros vizinhos. Quando se diz – vizinho – naquelas paragens, e principalmente em eras mais remotas, entende-se moradores de cinco, seis, sete e mais léguas em redor.
A capelinha, a que nos referimos, tinha também junto a si o seu terreno sagrado, cercado de muro de pedra, e com uma cruz no meio, e era ali, que os fazendeiros daqueles con­tornos mandavam enterrar os seus defuntos, para se forrarem ao trabalho de mandá-los viajar dezenas de léguas levando-os aos povoados onde houvesse cemitérios sagrados. Esta, porém, não foi erigida especialmente para esse fim, como se verá pelo decurso desta história.
Do alto da capelinha enxergava-se em distância de cerca de meia légua em um aprazível vargedo a fachada denegrida arruinada de uma grande fazenda, com seus vastos currais, sen­zalas, moinho e engenho de cana, mas tudo a desmoronar-se, tudo abafado entre o matagal, que começava a tomar conta do terreno com a vigorosa e luxuriante vegetação, que há naquelas regiões. A fazenda achava-se situada ao pé de um lançante entre duas vertentes orladas de filas de coqueiros chamados buritis, cujas linhas se perdiam na imensidade dos horizontes como fileira de guerreiros selvagens postados em ordem de batalha ao longo dos chapadões. As terras de cultura ou matos de plantio eram mais longe, nas escuras matas, que acompanham as margens de um ribeirão, que vai desaguar no Rio das Velhas.
A algumas centenas de passos além da capelinha havia à beira do caminho uma cruz de pau toscamente lavrado, e via-se claramente que ali havia uma sepultura. Existindo ali tão perto uma capela e um recinto sagrado para se enterrarem os mortos, por que razão fora ali sepultado aquele corpo, assim segregado dos outros hóspedes do túmulo?
Aquele lugar tinha reputação de mal-assombrado, e agente daqueles contornos, que bem sabe disso, evita o mais que pode passar por ali depois de noite fechada. Um, que por desgraça teve de passar por lá a desoras, quase que lá ficou morto de medo fazendo companhia ao enterrado. Con­tou, que vira sobre a sepultura levantar-se um fantasma mons­truoso, o qual depois de exalar um gemido prolongado e lamen­toso como o uivo de um cão, arrebentou dando um estouro como de um tiro, e desmanchou-se em línguas de fogo vivo, que passearam por algum tempo por cima da sepultura, e sumiram-se um momento depois.
Se o leitor deseja saber que acontecimentos deram lugar ao abandono daquela linda fazenda, e qual o mistério que encerram aquela sepultura e aquela capelinha, leia a seguinte história, que há tempos me foi contada por um morador daquelas paragens, e que eu tratarei de reproduzir com toda a fidelidade e individuação, que a memória me permitir."

(http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0006-00770.html)




Festa da Santa Cruz - Noticia no Correio Joseense - 1920



Existe uma noticia no Correio Joseense de 16/05/1920  sobre uma Festa da Santa Cruz. 
Fica aqui o registro : 

"Festa de Santa Cruz no Alto da Ponte
Philomena Priante – festeira
reza / leilão
baile na casa de Bernardo Priante
festeiro 1921 – Audemo Veneziani
Maria Bueno de Carvalho"


Cruz na Estrada de Caraguatatuba - Km 25,5

Foto Claudio Vieira

Outro dia, lendo um artigo na internet colhi esta foto feita por Claudio Vieira.
O artigo comentava um trecho interditado para as obras da rodovia porem achei interessante essa cruz no alto do barranco perto do Km 25,5.
Ainda irei lá fotografar. 
Caso saiba algo sobre ela me escreva. 
Obrigada!


Primitiva Capela da Igreja do Jardim Satelite - Atual Paroquia do Espirito Santo



Tudo começou com uma pequena capelinha feita de sapê (1960). Hoje, ergue altiva a Paróquia do Espirito Santo na Avenida Cassiopéia 461 – São José dos Campos.
(Foto do acervo da Paroquia do Espirito Santo)

A Capelinha na década de 1970
(Foto enviada por Ivone Fonseca - Facebook - Resgatando Sao José dos Campos) 

Igreja do Espirito Santo em 2019 - foto da autora


Capelinha - D. Josefa e Seu Luiz - Capuava

Tenho que me acostumar e me conformar com o fato de que não sou eu quem as procuro, elas que me acham!
Saí a esmo, sem lugar definido, eu e minha “vizinha”.
Essa minha “vizinha” é outro caso para contar com mais detalhes mas só agora só te digo que é uma grande amiga que conheci há muitos anos. Somos tão amigas que podemos nos dar ao luxo de nos chamar somente de “vizinhas”.
Saimos a esmo para espairecer um pouco do dia a dia agitado da nossa grande cidade. 
Dirigindo lá pelas bandas do "Capuava" observavamos os sitios e de repente eu "pressinto" que aquela pequena cosntrução no meio de uma grande quantidade de mato é uma Capela da Santa Cruz. 
Minha vizinha, sentada ao meu lado com certeza consegue um angulo melhor e identifica a Capela:
 - Dóris! Pare o carro! É mesmo uma capelinha!

Dentro dela não se via imagens no altar. Eles nem se lembram que santo estava lá quando eles compraram o sitio. Existe somente alguns quadros e figuras de santos disputando espaço com arame para cercas, colchoes, cadeiras velhas e etc..


Entramos no sitio e começamos a procurar alguem para nos atender quando encontramos um senhor que ia saindo do sitio, a pé, com uma caixa de ovos na mão e vai avisando:

- Pode entrar! É gente boa!
- Cachorro? Ah! Esta preso!
Bati “palmas” para chamar a atenção dos donos e logo veio o Sr. Luiz nos atender.  Ele todo solicito e eu fui explicando quem eu era e o que queria... Ah! Também queria ovos... Se tivessem disponíveis.

O sitio estava todo florido.  Nele se sentia o vai e vem de seus moradores. Perus, gansos, galinhas, gado, mulheres batendo bolos, seu Luiz tratando o gado e, a capelinha, ali no canto, escondidinha, abandonada e cheia de entulhos.
O Sr. Luiz disse  que no passado, há muitos anos rezavam na capela. Que até vinha um padre rezar missa nela, mas agora, para tristeza de D. Josefa, o local virou deposito de coisas velhas.
- Sabe, já pensei em reformar. Me falaram que era melhor derrubar e construir uma nova, pois as raízes da arvore infiltraram e soltaram todo o piso que agora esta todo “fofo”.

Ai! Não faça isso D. Josefa... Arruma... Tenta restaurar a Capelinha...

D. Josefa é paraibana, Veio com seus 16 anos junto com a família. Ela conta que na época viviam em uma miséria de fazer dó.
 A mãe morreu de parto aos 30 anos quando nasceu o decimo filho.
Assim que chegou em São Paulo foi trabalhar com uma família de judeus que depois de um tempo queriam leva-la para o Peru. Ela não foi. Ficou em São Paulo onde conheceu o Sr. Luiz e se casaram. 
Começaram a vida vendendo roupas e estavam indo muito bem porem foram assaltados “com a arma na cara” e foram tantas vezes que decidiram se mudar.
Desde então estão no sitio. A Capelinha já estava lá.
D. Josefa é uma senhora com seus 76 anos. Alegre, animada e muito trabalhadeira.
Nos recebeu com um carinho enorme e nos fez prometer que voltaríamos outro dia, pois no momento ela tinha de ir à missa... em outra Capela.
Prometemos que voltariamos, e vamos mesmo d. Josefa. Pessoas felizes e maravilhosas como a Senhora e o Sr. Luiz não é todo dia que encontramos por ai.
Vamos voltar, e quem sabe a Capelinha vai estar pintada e reformada, hein?

Oração a Santa Cruz - Encontrei na Capela dos Enforcados em SP

Aqui em São Paulo, no bairro da Liberdade, perto do local onde no passado estava erguida a forca onde eram executados os condenados a morte existe atualmente uma “Capela da Santa Cruz”.
Apesar de ser uma bela Capela ela é sombria.
Seu passado é sombrio!
Sua historia nos fala de injustiça e morte.
Foi nesta Capela que recolhi esta oração:
Oração a Santa Cruz
(Leia a oração da Santa Cruz que o hoteleiro Salvador da Silva trazia em seu bolso no momento em que ocorreu o acidente”
“Deus, todo poderoso, que sofreste a morte sobre a madeira sagrada por todos os nossos pecados, sede comigo!
Santa Cruz de Jesus Cristo, compadecei-vos de nós.
Santa Cruz de Jesus Cristo compadeci-vos de mim.
Santo Cristo, sede a minha esperança.
Santa Cruz de Jesus Cristo afastai de mim toda arma cortante.
Santa Cruz de Jesus Cristo derramai em mim todo o bem.
Santa Cruz de Jesus Cristo desviai de mim todo o mal.
Santa Cruz de Jesus Cristo fazei  que eu siga o caminho da salvação.
Santa Cruz de Jesus Cristo, livrai me dos acidentes temporais e corporais.
Santa Cruz de Jesus Cristo, vos adoro para sempre.
Santa Cruz de Jesus Cristo, fazei com que o espirito maligno e infalível se afaste de mim.
Conduzi-me Jesus a vida eterna.
Amém.
“Por todos os séculos dos séculos, Amém”.

Histórico

“Esta oração foi encontrada em 1535 sobre o tumulo de Jesus Cristo e enviada pelo Papa Pio III ao imperador Carlos V, quando partia para combater os turcos.”
“Aquele que ler esta oração, que ouvir ler ou a trouxer consigo, não morrerá subitamente, não se afogará, não se queimara, nem alguém poderá mata-lo, não será vencido em batalha e nem cairá nas mãos de inimigos. Quando uma pessoa esta para dar a luz, se ouvir esta oração ou o trouxer consigo, ficará prontamente livre e se tornara Mae. Quando a criança estiver crescido, colocando-se esta oração ao seu lado livrar-se-á de muitos acidentes. Quem trouxer consigo, ficará livre de epilepsia. Quando na rua virdes uma pessoa atacada pelo mal, coloque esta oração em seu lado direito e ela contentemente se levantará”.


Capela da Santa Cruz do Caetê ( Antiga) - segunda visita

“Cada tijolo tem um numero”
Antiga Capela da Santa Cruz do Caete
Estrada do Bonsucesso
No passado a família do seu José Costa fazia a festa da Santa Cruz com reza e leilão. Depois que ele morreu a capela esta abandonada. Resiste ainda e umamoradora nos disse que no local, ou nas proximidades eram enterrados os escravos.
Outro morador se referiu a construção dela com essa fraze:
“cada tijolo tem um numero da escravidão” – Como não entendi  sobre o que falava me explicou que cada tijolo tinha um tamanho diferente, ou seja, foi construída com restos de outras obras.




CRUZ A BEIRA DA ESTRADA - TREMEMBE





Uma Cruz na beira da estrada dá visibilidade a determinadas mortes. Raras vezes se sabem quem foi e assim rezamos por todos que na estrada morreram. 
Muitos dos que por ali passam ao verem uma cruz são inconscientemente alertados pelo perigo do local  como tambem se condoem com uma tragédia da qual provavelmente não conhecem os detalhes, mas sabem que alguem muito sofreu por aquela perda. 
A cruz posta à beira da estrada pode simplesmente assinalar o local da morte de alguem mas seu costume é mostrar a vitória da Cruz sobre todo o mal. Assim como o Cristo ressuscitou assim tambem aquele ou aqueles que ali perderam a vida terrena ali encontraram a vida eterna.
Antigo costume mas atual. O sofrimento sempre é o mesmo: no passado e no presente. 
Cruz na Rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro, 1, km 10 ,
Poço Grande, Tremembé - Local de perda de muitas vidas

CAPELA DAS ALMAS - CAÇAPAVA

Capela das Almas - Caçapava Velha - SP
Nem me perguntem o porquê, mas o fato é que nos últimos anos adquiri uma ligeira paixão pelas Capelas da Santa Cruz, ou Capelas de Beira de Estrada.
 Para quem não está entendendo  sobre o que estou escrevendo eu explico:
 Com certeza você já deve ter visto algumas delas. São aquelas pequenas capelas que encontramos em MG, Vale do Paraíba, no Norte do Brasil e que ficam a beira das estradas e nos terrenos de algumas fazendas.

Elas geralmente são construídas para marcar o local de uma tragédia, a morte de alguém. Depois de erguidas são frequentadas por rezadores que fazem novenas, acendem velas e ali também depositam as imagens de santos que se quebraram, quadros antigos e terços. Muitos “evangélicos” ao se converterem a nova fé, onde as imagens são “demonizadas”, com respeito, as descartam ali. Geralmente estas capelas são recheadas de história, lendas e mistérios.  É também local de “despachos”.
 
Lá dentro imagens quebradas, terços, quadros antigos...
Às vezes eu embrenho nas estradas a procura delas, mas a realidade é que a maioria delas “me chamam” e me "buscam"  para serem fotografadas.

Não se espante!

É isso mesmo que acontece! Muitas vezes quero ir para um lugar e acabo em outro, onde, existe uma pequena capela, que quer ser fotografada.
 Semana passada, sai sem a intenção de encontrar alguma capela.
 Meu destino era um caminho reto, sem paradas, na própria Dutra.
 Acionei o GPS com o endereço somente para ver os radares na estrada.
De repente o GPS “mandou” sair da Dutra e entrar numa rua que dava acesso a cidade de Caçapava Velha. Estranhei a mudança do roteiro e comentei com minha irmã que me acompanhava que eu iria seguir a “loucura do GPS”. Não tinha intenção de procurar Capelas. Mas assim que entrei na estrada, poucos metros adiante eu a vi...

Rustica mas altiva, muito simples, mal cuidada no alto do barranco.  Ao seu lado só o pedestal de uma antiga cruz que há pouco tempo ainda existia.  Lá dentro, imagens quebradas, latas de cerveja, velas, vasos de flor.

Se tenho receio de entrar? Não, não tenho. Temos um trato. Eu entro só para fotografa- las. Elas querem ser vistas.  O povo diz que não se pode pegar nada do que esta lá dentro sob o risco de trazer a alma de quem ali morreu junto com você. Eu não toco em nada...
 Fui atrás de sua historia.
 Uma moça que trabalha no condomínio em frente me informou que pouco sabe da historia da Capela, mas que em certos dias da semana as pessoas vem ao local para rezar e acender velas. Segundo ela a pequena capela foi construída num tempo em que ainda existiam lagoas naquela região e que foi construída para a alma de uns “pescadores” que ali morreram.
Antes da luz elétrica chegar em frente à capela às pessoas tinham medo de passar em frente ao local, pois sempre existia uma “rede” armada para as pessoas caírem.
 Procurei mais alguma noticia. Não consegui.
 Mas o que de fato me deixou intrigada foi uma escada feita de galhos de madeira presa na parede da Capela.
Não tenho ideia do porque existe aquela escada lá. Fiquei curiosa.
Pensei se pode existir alguma relação com as historias de “escadas e índios” que ouvi na “Freguesia da Escada” em Guararema...
 Se você estiver lendo este texto e tiver uma pista ou souber de algo peço que me conte!
 Ok ?
 Aguardo!

O que será que simboliza esta escada pendurada na pequena capela ?


quarta-feira, 3 de maio de 2017

A Festa da Santa Cruz no Brasil e o Descobrimento do Brasil


A Festa da Santa Cruz celebrada no dia “3 de maio” é uma antiga devoção de Portugal, que foi trazida para o Brasil pelos padres jesuítas assim que aportaram no Brasil, mais ou menos em 1554.

 Para facilitar a catequização dos índios os Jesuítas adaptaram a tradicional festa da Santa Cruz de origem portuguesa à cultura indígena, com a inserção da dança indígena: “sarabaque”.

 Os índios guaranis a chamavam de “Festa da Santa Curuzu” e para os tupis “Santa Curuça”.

A devoção a Santa Cruz, cruzeiros e capelas da Santa Cruz, era comum nas fazendas, e em torno delas surgiram povoados que deram origem aos bairros da zona rural.

Segundo estudiosos, a Festa de Santa Cruz no Estado de São Paulo marca o início do ciclo das festas juninas, do início do inverno ou ainda do ciclo de maio europeu. Elementos deste ciclo presentes na Festa são o levantamento do mastro, a fogueira (que já não existe mais), os fogos de artifícios (rojões) e os enfeites das cruzes (1).

A solenidade tradicional da Festa da Santa Cruz consiste na reza do terço e outras orações acompanhadas por cânticos próprios.

 “Os festeiros rezam diante da Santa Cruz, ajoelhados ou não, beijam-na, acendem velas, cantam e dançam em adoração à Santa Cruz.”.

Hoje em dia a Festa da Santa Cruz é celebrada em diversos municípios do Vale do Paraíba, embora de maneiras diferentes, mas em todas elas o ponto alto da festa é a elevação do Mastro em Honra a Santa Cruz.

“Na sua maioria são festas familiares onde se reúnem para rezar, dançar e honrar a "Santa Cruz”.

A Dança da Santa Cruz em Carapicuíba, Embu, Itaquaquecetuba, cidades originárias das vilas jesuíticas, assim como (São José dos Campos) têm traços ameríndio-jesuíticos.

Em 1954 a “dança da Santa Cruz” foi considerada contribuição da cultura índio-jesuítica para a formação do estado de São Paulo, mas hoje em dia ela persiste em poucas localidades.

“Em Eugênio de Melo, distrito de São José dos Campos, foi introduzida logo após a dissolução da epidemia no distrito como agradecimento à graça recebidas. Consistia em uma novena, reza do terço em nove dia, onde cada membro era encarregado da limpeza e enfeite da capela. No último dia, era realizada a festa, com leilões, gincanas, barracas de alimentação e a dança da Santa Cruz.”.

Relato recolhido:
  “Olha eu vinha na Festa de Santa Cruz, hoje não tem mais, e vinha na festa de Santo Antônio também era um grupo que vinha de Martins Guimarães, eles... era uma dança, eles tinham umas toras ocas, como um couro de cabrito, sempre meu pai matava cabrito e já dava prá eles o couro. Eles batiam assim igual índio, em volta da fogueira e dançavam. Então ficavam aqueles caras batendo com aquelas toras e dançavam ali em volta da fogueira.” (2).

Durante minha pesquisa sobre a Festa da Santa Cruz  uma das perguntas que eu fiz aos devotos é se sabiam qual era a origem da Festa da Santa Cruz no dia 3 de Maio. Alguns me responderam da seguinte forma:

- Foi no dia 3 de maio que a Santa Cruz foi “chantada” (fincada) pela primeira vez no Brasil!

Eu estranhei esta resposta, pois segundo os livros de história, a primeira missa no Brasil foi celebrada no dia 26 de abril. Como eu acredito que a “tradição popular” tem sua sabedoria particular, resolvi pesquisar mais a fundo o porque me davam esta resposta.

Para meu espanto, descobri que a resposta que me davam não era tão absurda como a principio me pareceu. Ela era a resposta correta... Mas de outro tempo. O tempo da tradição!

Descobri que até o inicio do século XIX, acreditava-se que fora no dia 3 de maio que a Primeira Missa havia sido celebrada no Brasil.
A suposição se baseava num antigo costume português, o de dar nome de santos ou de “dias santos” as terras por eles descobertas. 
Sabiam que o primeiro nome do Brasil havia sido “Ilha da Vera Cruz” e “Terra da Santa Cruz”, assim eles deduziram que tinha sido neste dia, no dia da “Santa Cruz” que o Brasil havia sido descoberto, ou que a primeira missa havia sido celebrada no Brasil.  

Somente com a descoberta da Carta de Pero Vaz de Caminha que é a “Certidão de Nascimento do Brasil” que a data do descobrimento foi corrigida. Então a tradição estava certa! A Festa da Santa Cruz era o dia do aniversario do descobrimento do Brasil. O dia que “plantaram” a cruz de Cristo em nosso país.

A Tradição oral guardou o costume do passado como uma joia. Um pedacinho do que fora uma verdade...  A mudança nos livros não atingiu a toda a população...  De pai para filho continuou se ensinando que a Cruz havia sido plantada no Brasil no dia 3 de maio...

Somente em 1773, com a descoberta da “Carta de Pero Vaz de Caminha” na Torre do Tombo, em Portugal pelo Sr. José de Seabra da Silva, e sua publicação pela primeira vez no Brasil, pelo padre Manuel Aires de Casal em 1817 que pode se datar com precisão o dia do “Descobrimento do Brasil” e da “Primeira Missa”. (3) 

Então os livros corrigiram a data da primeira missa no Brasil de três de maio para 26 de abril, mas a tradição oral tem seu próprio saber e a devoção e comemoração da Festa da Santa Cruz no dia 3 de maio continuaram através dos anos.

A Festa da Santa Cruz é comemorada em vários países. O fato de no passado acreditarem que o Brasil havia sido descoberto no dia 3 de Maio somente aumentou a devoção a Santa Cruz. Junte a isso a devoção dos Jesuítas e, termos a constelação do “Cruzeiro do Sul” acima de nossas cabeças. A Cruz virou um símbolo do Brasil.

Existe um relato mais recente por mim recolhido: Os imigrantes italianos que vieram para o Brasil no final do século XIX se admiravam quando em alto mar olhavam para o céu e viam o “Cruzeiro do Sul”. Diziam que: o pais que tem a cruz no céu só pode ser um local abençoado.
Este fato com certeza veio reforçar a Festa da Santa Cruz no Brasil, pois ela também existe e é celebrada de forma similar em vários locais na América Latina e na Europa.

Aprofundando em minha pesquisa descobri que a nossa capital Brasília teve sua missa inaugural no dia 3/5/1957 e recebeu do Papa Pio XII o seguinte comentário:

“No dia de aniversário da primeira missa nas terras de Santa Cruz, muito nos agrada que tão fausta data seja recordada com a celebração da primeira missa em Brasília. Pedindo a Deus que continue a derramar sobre a generosa nação brasileira os seus celestes favores, para que progrida e prospere à luz do Evangelho e dos ensinamentos da igreja, concedemos de coração a Vossa Excelência, às autoridades presentes, à sugestiva cerimônia e a todo querido povo brasileiro a nossa especial benção apostólica” – Papa Pio XII.

Este pronunciamento feito em 1957 demonstra que até esta data muitos ainda acreditavam ter sido realizada a primeira missa no Brasil no dia 3 de maio.

Em Minas Gerais esse costume é remanescente do período colonial.

Aqui em São José dos Campos, pesquisando em localidades onde ainda se celebram a Festa da Santa Cruz, não encontrei nenhum traço indígena nas suas danças como a que existe em Carapicuíba e em Embu. Ao contrário, aqui em São José dos Campos é uma Cia de Moçambique que dança em honra a Santa Cruz á frente da Capela. 

Alguns pesquisadores nos dizem que especificamente aqui em São José dos Campos, a tradição se fundiu com as “tradições africanas locais”, ou seja, com os devotos de São Benedito e N. Sra. do Rosário dançando em honra a Santa Cruz, sendo um fato histórico no Estado de São Paulo desde os tempos dos jesuítas os índios dançarem em frente à Igreja do Rosário.  

Descobri também que numa pequena localidade da Sicília - Itália, na cidade de  “Casteltermini”, eles celebram a Festa da Santa Cruz, no dia 3 de maio, com uma dança muito similar ao nosso Moçambique. Esta festa se chama: La Festa di Santa Croce ou Sagra Del Tataratá. (4)  

Em minha opinião, depois de ver a similaridade entre as duas celebrações, percebi que a dança de Moçambique deve ter sido introduzida na Festa da Santa Cruz nos primórdios da sua celebração. Ela deve representar os cristãos defendendo o “Lenho Santo”, melhor dizendo: é o exercito de Heráclio, governador da África defendendo se do exercito de Chosroes II, rei da Pérsia pela posse do “Lenho Sagrado”, ou seja, da Santa Cruz!

Segundo Jacqueline Baumgratz em seu livro “Cultura Popular do Paraíba” ela nos fala que:

“A festa de Santa Cruz costuma reunir diversos grupos e companhias como de Moçambique, de Catira, de São Gonçalo e até baile de arrasta-pé”.

Observei a Festa da Santa Cruz no Pinheirinho do Urbanova durante dois anos: 2012 e 2013. A Festa é celebrada há pelo menos 70 anos pelos familiares do Sr. Zequinha, sua esposa Bela e seus antepassados e esse é um assunto para outro post.

Bibliografia:







outras bibliografias:





http://www.girafamania.com.br/americano/materia_brasilia.html